quinta-feira, 19 de junho de 2008

Trouble is you middle name.

Essa semana eu e a Jé, falavamos sobre vinhos barato, nos lembrando dos nossos.
Faltando 15 minutos para meia noite, o celular toca, o número não identificado, mas ao atender, não havia como me enganar, afinal ainda ouço as musicas dele pela casa.
Depois de tanto tempo, como eu ainda reconhecia? E o pior, o que ele poderia querer?
E essa mania de ligar em horarios absurdos, não sumia.
Ele diz:
-Re?
Eu fico muda por uns 5 minutos.
-Rê?Tá me ouvindo?
-Oi, estou sim. - logico que eu estava.
-Tudo bem com você?
-Tudo bem. Desculpa, mas aconteceu alguma coisa?
-Não, porque?
-E que faz tempo que a gente não se fala, e de repente você liga, então estou tentando imaginar o motivo.
-Ah!Eu tava mexendo em uns cds aqui, dai encontrei a musica que nós gravamos juntos, e me deu saudade. Só isso.
-Saudade?
-É. Senti saudade de conversar com você, e de todo o resto.
Eu não sabia o que responder, não sabia o que sentir. Nós sempre fomos tão diferentes. Nosso relacionamento tinha sido marcado por borboletas no estomago, coração na boca, e musicas ao pé do ouvido. Era um mar de furia em rosas. Eu falava "a", ele entendia "z", e já estavamos no meio de uma discussão, para 5 minutos depois ele dizer : "nossa você fica linda nervosa", e eu me derreter feito manteiga. Nunca houve nada tao intenso, tão desesperador, tão vivido até a ultima gota. Como falar com ele agora, depois da agitada correria do nosso quase romance?
-Eu tambem sinto saudade de conversar e de todo o resto.
-Sente?
-Sinto.
-Isso é bom.
-Deve ser.
-Eu tambem liguei pra te fazer um convite.
-Ae?
-É. Eu vou tocar em um bar em sorocaba, e queria que você fosse.
-Claro, só me passar o endereço, e o horario.
-Você vai mesmo.
-Vou.
-E você podia fazer uma participação.
-Ah, eu abandonei a carreira, agora só fico na platéia.
-Até lá te convenso.
-Vamos ver.
-Rê, preciso ir. Posso te ligar amanha?
-Pode!
-Beijo, se cuida. Desculpa a demora.
E ele desliga, me deixando sem ação do outro lado.
Ele sempre faz isso. Sempre aparece como se nada tivesse acontecido, e me deixa muda. Logo eu que não sei calar a boca.
A vida ao lado dele sempre foi uma aventura, e nós terminamos do mesmo jeito que começamos. Eu tenho certeza que já vivemos tudo que nos cabia viver, é só que tê-lo por perto, é como abrir um diário antigo. Até a ultima gota, e sem arrependimentos. É sempre bom lembrar dele.

3 comentários:

Mari - @mari_matta disse...

"Sinto saudades de você e de todo o resto" - eu nunca saberia o que responder para isso.
Me identifiquei mto com o quase romance bem intenso. E acho terrível não cortar todo o contato depois, não consigo me despreender. Não que eu consiga me despreender sem falar com a pessoa, mas é mais fácil me enganar assim. Não?

Stanley Marques disse...

Que texto vivo, emocionante. Vai fundo!!!

passa lá
http://www.antologiaracional.com/
bjao

Carol M. disse...

Muitooooo interessante,adorei o texto^^
parabéns!

beijos

passa lá
http://ovelhoamor.blogspot.com/